Norman Bates vive uma
psicose profunda, isso se pode observar através de seu olhar, gestos e
principalmente pelas suas atitudes. A psiquiatria conceitua esse comportamento
de dualidade como Despersonalização do Eu, mas analisaremos através do olhar
psicológico utilizando da teoria de Freud, mais necessariamente do Complexo de
Édipo “mal resolvido” do personagem.
O pai de Norman faleceu
quando ele tinha apenas cinco anos, onde ainda estava vivenciando a fase
fálica. O Complexo de Édipo se caracteriza pelo amor excessivo ao sexo oposto e
raiva pela figura do mesmo sexo. Nessa fase a criança se sente angustiada por
ver que a figura com quem era completamente dependente - no caso de Norman, a
sua mãe - não é apenas dele, não vive por ele, mas que existe outra pessoa –
que nesse caso é o pai, com quem a mãe divide o seu amor, por isso advém a
raiva. Mas, no final dessa fase a situação geralmente é resolvida e acontece a
cisão com a figura oposta, que o genitor do mesmo sexo intermediará, mas isso
não acontece com Norman. Pela morte de seu pai, a dependência com a sua mãe
aumenta e ele se une completamente a ela. Norman e sua mãe viveram uma relação
de dependência muito grande durante a infância do Norman, sua mãe era uma
pessoa muito rígida e não se identificava com outras mulheres.
Depois de um tempo a sua
mãe começa a viver um relacionamento com um homem e a raiva de Norman cresce
absurdamente, onde faz a psicose acentuar em sua mente, causando a atitude de
assassinato de sua mãe e de seu padrasto. Para não sentir remorso desenterra o
corpo de sua mãe e o leva para a sua casa, vivendo com ele. Ele começa a viver
uma dualidade muito grande, usando do mecanismo de defesa, a negação. Essa
negação da morte de sua mãe é tão grande que ele age como se ela ainda
estivesse viva, trazendo ela para a sua mente, emitindo falas de sua mãe
através de si, vestindo como ela e até mesmo conversando com ela.
Com a chegada de Marion no
Bates Motel, a personalidade de sua mãe dentro de si fica mais acentuada.
Norman se sente fortemente atraído por Marion, mas se sente culpado por esse
desejo, porque sua mãe não gostaria que ele sentisse isso e pela raiva
excessiva que criou por outras mulheres – esta que surgiu através do controle
de onipotência de sua mãe, transferindo esse conceito a todas as outras
mulheres, com exceção de sua mãe. Com isso a mãe que se encontra dentro de si
acaba assassinando Marion.
Após esse episódio, a sua
mãe se instala completamente em sua personalidade - sendo que até esse momento
ele ainda vivia a metade de sua personalidade - causando um quadro grave de
psicose. Através da história de Norman, podemos verificar a importância de
viver o Complexo de Édipo de forma correta e mesmo na ausência de uma das
figuras genitoras nessa fase, é importante substituí-la de alguma forma ou
conseguir fazer essa cisão de forma com que a criança consiga separar a
personalidade da figura do sexo oposto de sua própria personalidade.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ELÓI, Jorge. Afinal, o que é o Complexo de Édipo?. Psicologia
Free. Disponível em: < http://www.psicologiafree.com/areas-da-psicologia/psicologia_clinica/afinal-o-que-e-o-complexo-de-edipo/#
>. Acesso em: 15 jun. 2014.
MUNIZ, Paula. Psicose: uma leitura psicanalítica em
Hitchcock. Paula Muniz: especialista em psicanálise. Disponível em: < http://paulamuniz.wordpress.com/2010/09/20/psicose-uma-leitura-psicanalitica-em-hitchcock/ >. Acesso em: 15 jun. 2014.
PSICOSE. Direção: Alfred
Hitchcock. Produção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Joseph Stefano. Intérpretes:
Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles, John Gavin e Martim Balsam. [S.1.]:
Paramount Pictures, 1960. 1 filme (109 min) son., pb., 35 mm.